Filhos melhores

Engole o choro.
Não fale da sua dor.
Finja que está tudo bem.
Fique quieto e calado.
Pais autoritários. Pais que não sabiam manter um diálogo sem pegar na vara.
Pais inflexíveis e ainda que amassem os seus filhos, não tinham outro modelo e eram repetidores daquilo que tiveram. Naturalmente reproduziam sem se importar com o que sentiam os filhos.
Daí surge nossa geração, 50 cheios de mágoas, cheios de doenças emocionais escondidas com o choro que foi engolido na autoridade. Demonstrada numa vida infeliz à escuras, pois nunca era para mostrar os sentimentos. Ficar calado. Quieto e deixar a dor viver ali dentro de si.
Só que o ciclo contínuo da vida nos trouxe os filhos e tivemos que ser pais… com qual modelo? O que eu conheço ou o que eu desejo?
O que eu conheço eu reproduzo na dor e quanto sei que fui ferido, firo e afasto uma nova geração, só que uma geração com apelos tecnológicos que afetaram ainda mais as relações. Relações que tem fugas para o mundo virtual, isolamento e amigos para afastar ainda mais as famílias.
O que eu desejo ser vai criar filhos sem limites, frágeis e descontrolados por tudo poderem fazer sem amarras nos valores emocionais. Enfraquecidos pelas dores e pelas faltas. Alimentados no ego e no material e sedentos de autoridade e direcionamento.
Geração nova cheia de fraquezas e que não dá consegue viver sem “mimimi”... fácil olhar dessa forma...difícil responsabilizar se. Mas, estão aí e precisam de uma direção para fazer uma jornada rica como a nossa.Eles querem pais no contexto, no cenário e nas necessidades atuais. Desprendidos do seu tempo e antenados no que temos hoje.
Prontos para as batalhas da modernidade tecnológica, moral e racional.
Estão na guerra de valores onde não tem raízes sólidas para se segurar.
Estão na caçada às fraquezas e às imperfeições públicas.
Exacerbou. Aumentou a violência e eles estão na arena.
Precisamos tornar nossos filhos melhores a partir daquilo que possamos encorajá - los e sustentá los.
Precisamos entendê los e mostrar lhes parâmetros novos diante dos vícios e perigos invisíveis. Camuflados de prazer, de diversão e de “atual”.
Precisamos ser pais com autoridade. Com amor e com participação.
Abrir mão do trabalho, da hora livre em frente a televisão e fazer a sua parte.
Assumir a sua paternidade na real; ensinando, mostrando e amando.
Amando com nãos e com sins.Amando fazendo e deixando de fazer também.
Amando sendo investigador e ouvinte.
Talvez essa mescla faça filhos melhores que as simples críticas de gerações. A responsabilidade em ser o criador e aperfeiçoador daquilo que foi dado como herança para você.
Responsabilizar se nessa parentalidade com as vidas e o que espera deles.
Filhos melhores que nós, sem fronteiras. Sem barreiras. Sem medos. Plenos e modernos.